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As profissões que vão sofrer com desemprego em massa

A tendência de aceleração do desemprego é real nos próximos anos, contrariando as projeções dos otimistas. foto: Pixabay
A tendência de aceleração do desemprego é real nos próximos anos, contrariando as projeções dos otimistas. foto: Pixabay

Carlos Teixeira
Radar do Futuro

Dez profissões representam quase 30% dos empregos formais no Brasil. São mais de 10 milhões de pessoas em postos de trabalho com maior risco de extinção nos próximos anos. Enquanto você lê as manchetes de jornais e telejornais, em discussões raramente aprofundadas sobre o futuro do trabalho, nem imagina que os cortes mais amplos de posições formais vão ocorrer exatamente em funções marcadas pelo maior número de empregos e os menores salários.

A tendência de aceleração do desemprego é real nos próximos anos, contrariando as projeções dos otimistas. A extinção de vagas vai atingir desde os vendedores de lojas até porteiros, faxineiros, operadores de caixa, assistentes administrativos até motoristas de caminhão.

Neste exato momento, empresas com portes tão diferentes como a Amazon ou Google e programadores independentes que trabalham em casa ou em algum co-working estão debruçados em projetos que têm, em comum, a meta de desenvolvimento de novas ferramentas e sistemas que serão capazes de eliminar centenas de empregos de cada vez.

Impacto nas rotinas

As inovações vão impactar especialmente as atividades caracterizadas pela simplicidade de processos, predominância de tarefas e baixa exigência de qualificação. As que envolvem rotinas são as que estão mais sujeitas ao corte nas empresas.

Além da evolução das tecnologias de robotização, automação e inteligência artificial, o cenário econômico e social também reforça as perspectivas de substituição de pessoas por máquinas e softwares. Tempos de baixo crescimento são mais propícios para a adoção de projetos que aumentem a produtividade.  

O estudo “O futuro do emprego: quão suscetível de são os empregos para a informação”, realizado na Universidade de Oxford, na Inglaterra, aponta que a atividade de vendedores do comércio varejista têm 92% de chance de ser extinta nos próximos anos. Vendedores lideram o ranking dos empregos no Brasil, com 1,93 milhão de trabalhadores, segundo dados de 2017 do extinto Ministério do Trabalho. Eles serão impactados pela expansão do comércio eletrônico que, segundo a Google, tende a crescer 12,4% ao ano.

As lojas serão cada vez mais o ambiente de finalização de compras ou de experimentação. Cortes de vagas serão o resultado da combinação do maior acesso à internet, à evolução da inteligência artificial e à adoção de novos recursos de vendas, como a realidade virtual. A combinação de variáveis vai facilitar o processo de experimentação de produtos fora das lojas e novos hábitos do consumidor.    

Automação e robotização

O salto tecnológico do comércio eletrônico será o responsável pela eliminação de um grande número de vagas de operadores de caixa, sob risco elevado. Os cerca de 800 mil trabalhadores em supermercados e farmácias, entre outros estabelecimentos, estão na mira de projetos em estágio de amadurecimento.

Há um ano e meio, no Brasil, a startup Zaiff lançou, no Espírito Santo, a primeira loja onde consumidores entram e saem sem passar por um caixa. Agora, em parceria com a rede francesa de hipermercados Carrefour, a empresa está inaugurando uma loja em São Paulo, o que vai acelerar o processo de implantação do sistema pelo país. No exterior, a Amazon também viabiliza investimentos semelhantes de redes Amazon Go, com o mesmo conceito de compras automatizadas.

Quinto lugar na lista de profissões que mais empregam no Brasil, com 918 mil trabalhadores, auxiliares de linha de produção também estão sob risco crescente. Além da conjuntura negativa, que vem provocando a desindustrialização do país, a robotização e a evolução de sistemas de inteligência artificial e de internet das coisas prometem gerar impactos substanciais sobre as oportunidades de trabalho.

A robotização tende a impactar fortemente atividades que envolvem o uso de força e habilidades humanas simples. E que são exploradas por integrantes de contingentes numerosos, como os trabalhadores de faxina, serventes de obras e motoristas de caminhão. Para o setor de transporte de cargas, o futuro passa pela adoção de veículos sem motoristas. Se depender das indústrias, brevemente eles estarão circulando pelas estradas, principalmente nos países desenvolvidos.

10 profissões que mais empregam no Brasil

  • Vendedor de comércio varejista
  • Auxiliar de escritório
  • Faxineiro
  • Assistente administrativo
  • Auxiliar de linha de produção
  • Motorista de caminhão
  • Operador de caixa
  • Vigilante
  • Porteiro de edifício
  • Servente de obras

 

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