Pular para o conteúdo principal

Cade encaminha proposta para fim de novela de 13 anos

A falta de concorrência na transmissão de jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol pode - pode, bem entendido - estar com dias - ou anos - contados. Pelo menos não custa acreditar que algum dia os torcedores não serão obrigados a acompanhar jogos da principal competição pela Rede Globo, por absoluta falta de alternativas. Mudanças no reino do futebol ganham corpo no Conselho de Defesa Econômica, órgão vinculado ao Ministério da Justiça responsável por fiscalizar a concorrência da economia do País, que tenta encontrar uma solução definitiva para o processo que tramita desde 1997, em que a atual detentora de direitos de transmissão e o Clube dos 13 são acusados de formação de cartel. O monopólio impede considerável parte da população de ficar livre de alguns locutores e interesses dos padrões globais.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que tem poder para impor o cumprimento de decisões, sugeriu a extinção de uma cláusula que dá preferência à emissora dos Marinho nas renovações de contratos com o Clube dos 13, a entidade que representa os principais gestores de times do Brasil e dos chamados interesses econômicos do esporte. Hoje, o poder da exclusividade obriga milhões de torcedores a engolir o xarope às 9h45 das quartas-feiras e domingo, entre duas partes do intragável Faustão, porque existe uma cláusula na venda de direitos de transmissão que dá preferência à Globo. No modelo atual de negociação de contratos, a Rede Globo pode cobrir a proposta de uma outra rede TV, ficando sempre com os direitos de exibição do Brasileirão. Nunca uma outra rede consegue tirar os direitos dela.

Demonstrando ainda algum excesso de prudência, capaz de explicar 13 anos de tramitação do processo, o órgão vinculado ao Ministério da Justiça propôs também a divisão do Campeonato Brasileiro em dois pacotes. O pacote manteria parte do poder da Globo, com a possibilidade de compra por outra rede, como a Record, que já demonstrou o interesse. A Globo foi contra a proposta do Cade e a Record, a favor. As três partes, no entanto, terão um tempo para se manifestar oficialmente.

Como porta-vozes dos interesses claros e difusos, o Clube dos 13 esperneia e torna público seu interesse em não contrariar as vontades da detentora do monopólio. Para os gestores da atividade econômica futebolística, a eventual divisão do Brasileirão em dois pacotes deixaria o Clube dos 13 "amarrado", sem outras alternativas de negociação, o que poderia desvalorizar os direitos de televisionamento. Nos bastidores, dirigentes esportivos sinalizam a disposição de vender o Campeonato Brasileiro embalados em dois pacotes. Um embrulhando jogos às quartas e domingos, no formato atual. O outro teria a transmissão de partidas às quintas, às 20h30, e aos sábados.

O atual contrato da Globo com o Clube dos 13 vence no final do ano que vem. Em alguns meses, devem começar as negociações pelos direitos dos torneios de 2012, 2013 e 2014. Atualmente, a Globo desembolsa cerca de R$ 500 milhões por ano pela exibição do campeonato, incluindo TV paga e pay-per-view.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como ser um jornalista na internet

Para ser um jornalista online, você precisa conhecer quatro "coisas". Um designer. Um programador de sistemas. Uma empresa capaz de valorizar profissionais capacitados e de dar bons empregos para vocês três. E o mais importante: saber muito sobre comunicação e marketing e um pouco sobre design e tecnologia. Esta deve - ou deveria - ser a resposta padrão para pergunta freqüente feita por jornalistas, novos e antigos, interessados em atuar no novo mercado criado pela internet. Muitos deles imaginam que as portas digitais serão abertas por algum curso sobre as inúmeras tecnologias desenvolvidas para o desenho e gerenciamento de sites. "Tenho muita vontade de atuar em jornalismo na internet, e estou fazendo um curso de Dreamweaver", anunciam os abnegados candidatos a emprego minimamente digno nesta praia de muitas ondas nem sempre boas para surfar. Outros, constrangidos, contam em segredo: eu queria muito trabalhar na internet, mas não sei nada de informática. Menos imp

Quem matou o jornalista

Zélia Leal Adghirni A mídia não reflete a opinião pública. A sociedade pensa uma coisa e a mídia fala outra. E o pior: muitas vezes seleciona e reproduz só aquilo que coincide com os interesses políticos e econômicos do momento. O alerta foi dado pelo professor e pesquisador americano da Universidade do Colorado, Andrew Calabrese, durante o 29º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), que reuniu, na semana passada, mais de três mil professores, alunos e pesquisadores em comunicação na Universidade de Brasília em torno do tema Estado e Comunicação. Calabrese fez graves criticas à mídia americana que, segundo ele, exagerou no patriotismo em detrimento da informação após os atentados de 11 de setembro de 2001. De acordo com o professor, o discurso da Casa Branca e da grande mídia passou a ser quase unificado. A mídia quis fazer uma demonstração de patriotismo e solidariedade e acabou abraçando a decisão do governo de invadir o Iraque sem o respaldo da opinião da opinião

Jornalistas serão substituídos por robôs?

Os jornalistas podem - e vão - ser substituídos por robôs?