Pular para o conteúdo principal

Para que serve um senador

Mal sabemos para que eles servem. Mas sabemos que eles não nos servem. Deixados à própria sorte, sem o controle da sociedade, senadores brasileiros viraram uma praga. Sarneys, Heráclitos, Calheiros, Collors, Mãos Santas, entre outros, são mesmo como cupins, como apontou, com conhecimento de causa, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um membro honorário da colônia, formada por 81 "rainhas", muitos deles ilustres desconhecidos da sociedade, inclusive dos eleitores. São personagens interessados apenas em preservar seus podres poderes. 

No grupo, até mesmo os senadores bem intencionados - eles existem - podem ser acusados de falhar, que seja por omissão. Aliás, o gaúcho Pedro Simon reconheceu a responsabilidades ao discursar do alto da tribuna. "Vamos ser sinceros, a culpa é nossa", assinalou na sexta-feira, dia 20. O reconhecimento de culpas não foi acompanhado por outros políticos, sumidos diante do verdadeiro bombardeio de denúncias de deslizes e desmandos no trato com o dinheiro público. 

O mea-culpa também deveria ser assumido pela imprensa, mais uma grande culpada pelos desvios que ocorrem em todos os poderes no País. Neste exato instante, na Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas, em Tribunais de Justiça, em órgãos dos governos federal, estadual ou municipal alguma irregularidade está em andamento, seja com má fé explícita ou com um "simples" aproveitamento de brechas da lei. 

É necessário entender que os meios de comunicação de massa dão contribuições para o estado das coisas. Por conta de interesses econômicos ou políticos ou pelo tradicional desinteresse dos proprietários em investir em qualidade, as coberturas prosseguem à reboque das ondas geradas por pedras jogadas na água. Foi necessária a disputa no Senado pela presidência para dar forma às matérias sobre irregularidades históricas. A dependência das matérias plantadas ou dos releases não possibilita aos jornalistas dar a atenção devida aos mesmos problemas que ocorrem na Câmara dos Deputados, outra casa de horrores para quem tem ética como valor. 


  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como ser um jornalista na internet

Para ser um jornalista online, você precisa conhecer quatro "coisas". Um designer. Um programador de sistemas. Uma empresa capaz de valorizar profissionais capacitados e de dar bons empregos para vocês três. E o mais importante: saber muito sobre comunicação e marketing e um pouco sobre design e tecnologia. Esta deve - ou deveria - ser a resposta padrão para pergunta freqüente feita por jornalistas, novos e antigos, interessados em atuar no novo mercado criado pela internet. Muitos deles imaginam que as portas digitais serão abertas por algum curso sobre as inúmeras tecnologias desenvolvidas para o desenho e gerenciamento de sites. "Tenho muita vontade de atuar em jornalismo na internet, e estou fazendo um curso de Dreamweaver", anunciam os abnegados candidatos a emprego minimamente digno nesta praia de muitas ondas nem sempre boas para surfar. Outros, constrangidos, contam em segredo: eu queria muito trabalhar na internet, mas não sei nada de informática. Menos imp

Quem matou o jornalista

Zélia Leal Adghirni A mídia não reflete a opinião pública. A sociedade pensa uma coisa e a mídia fala outra. E o pior: muitas vezes seleciona e reproduz só aquilo que coincide com os interesses políticos e econômicos do momento. O alerta foi dado pelo professor e pesquisador americano da Universidade do Colorado, Andrew Calabrese, durante o 29º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), que reuniu, na semana passada, mais de três mil professores, alunos e pesquisadores em comunicação na Universidade de Brasília em torno do tema Estado e Comunicação. Calabrese fez graves criticas à mídia americana que, segundo ele, exagerou no patriotismo em detrimento da informação após os atentados de 11 de setembro de 2001. De acordo com o professor, o discurso da Casa Branca e da grande mídia passou a ser quase unificado. A mídia quis fazer uma demonstração de patriotismo e solidariedade e acabou abraçando a decisão do governo de invadir o Iraque sem o respaldo da opinião da opinião

Jornalistas serão substituídos por robôs?

Os jornalistas podem - e vão - ser substituídos por robôs?