Início de noite, horário de fechamento da primeira página do jornal Diário do Comércio, o editor geral pergunta para o responsável pelo caderno de Finanças e Negócios como foi o desempenho do mercado financeiro. Em tempos de inflação elevada e instabilidade econômica, nos primeiros anos da década de 1990, a bolsa de valores tinha levado mais um tombo de 6%. O editor geral quer saber o que aconteceu, no que o responsável pelo caderno responde: caiu demais porque subiu muito nos dias anteriores. Em português claro, os investidores embolsam hoje o lucro de ontem.
O fechador da primeira sai bufando e manda o subordinado produzir linhas com a explicação mais "adequada" para "os fatos do dia". No caso, as justificativas esperadas pressupõem a repercussão com as mesmas fontes, os mesmos argumentos de que decisões governamentais ou projeções econométricas afetaram expectativas e assustaram os investidores. As velhas justificativas de que o medo gerou as ordens de venda dos papéis. E tome blá-blá-blá.
O "jornalismo econômico blá-blá-blá" consolidou-se como uma das vertentes mais comuns da cobertura do mercado financeiro. Municiado por agências de notícias, reflete a abordagem que tem como objetivo central preencher o espaço do noticiário do dia com o desempenho do índice das bolsas de valores, com a alta ou queda do dólar e outras notícias de release. A existência de bolsas de valores regionais, como a do Rio de Janeiro e a Bolsa de Valores Minas-Espírito Santo-Brasília, ainda criava algum sentido para a cobertura regional.
Mas a concentração dos negócios em São Paulo, na Bovespa, eliminou, nos veículos fora do eixo Rio-São Paulo, centros dos principais grupos de comunicação e interesses econômicos nacionais, a existência dos jornalistas especializados. Hoje, em várias cidades, incluindo Belo Horizonte e outras capitais, é possível criar a "associação dos ex-editores e ex-repórteres especializados em mercado financeiro".
A concentração da mídia facilita as reais intenções da cobertura de finanças e formata o outro lado do "jornalismo blá-blá-blá", que é o "jornalismo porta-voz". Em vários momentos da história recente do País, as notícias sobre bolsas de valores serviram para vários interesses, especialmente os políticos e econômicos, menos para municiar investidores com informações relevantes para as decisões financeiras. As notícias sobre finanças têm a cara dos cadernos de política, onde deveriam ser publicadas.
O fechador da primeira sai bufando e manda o subordinado produzir linhas com a explicação mais "adequada" para "os fatos do dia". No caso, as justificativas esperadas pressupõem a repercussão com as mesmas fontes, os mesmos argumentos de que decisões governamentais ou projeções econométricas afetaram expectativas e assustaram os investidores. As velhas justificativas de que o medo gerou as ordens de venda dos papéis. E tome blá-blá-blá.
O "jornalismo econômico blá-blá-blá" consolidou-se como uma das vertentes mais comuns da cobertura do mercado financeiro. Municiado por agências de notícias, reflete a abordagem que tem como objetivo central preencher o espaço do noticiário do dia com o desempenho do índice das bolsas de valores, com a alta ou queda do dólar e outras notícias de release. A existência de bolsas de valores regionais, como a do Rio de Janeiro e a Bolsa de Valores Minas-Espírito Santo-Brasília, ainda criava algum sentido para a cobertura regional.
Mas a concentração dos negócios em São Paulo, na Bovespa, eliminou, nos veículos fora do eixo Rio-São Paulo, centros dos principais grupos de comunicação e interesses econômicos nacionais, a existência dos jornalistas especializados. Hoje, em várias cidades, incluindo Belo Horizonte e outras capitais, é possível criar a "associação dos ex-editores e ex-repórteres especializados em mercado financeiro".
A concentração da mídia facilita as reais intenções da cobertura de finanças e formata o outro lado do "jornalismo blá-blá-blá", que é o "jornalismo porta-voz". Em vários momentos da história recente do País, as notícias sobre bolsas de valores serviram para vários interesses, especialmente os políticos e econômicos, menos para municiar investidores com informações relevantes para as decisões financeiras. As notícias sobre finanças têm a cara dos cadernos de política, onde deveriam ser publicadas.
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