Carlos Plácido Teixeira
Jornalista
Líder recente no ranking das operadoras de telefonia celular com maior número de reclamações na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Tim parece concentrar esforços para se consolidar nas listas de comunidades formadas por pessoas que odeiam alguma coisa. Para alcançar o objetivo, a empresa faz tudo para ser queimada em praça pública, irritando ao máximo o candidato a ex-cliente, que sai por ter recebido uma oferta mais tentadora e que poderia retornar algum dia.
As histórias vividas por inúmeros consumidores têm traços surreais. Uma consumidora sugere o nome para a campanha: "Timmatando de raiva". Diante da iminência de perder o usuário de seus serviços, a empresa deflagra jogos de empurra. Todas as ações giram em torno da estratégia da “protelação”. Os gênios do marketing da empresa devem ter concluído que o candidato a “ex” desistirá e, conformado, manterá a conta. .
O mesmo roteiro inspira as histórias dos insatisfeitos. Em uma delas, o consumidor R. Viana, sócio de uma empresa proprietária de três linhas, recebe a oferta de outra operadora. São linhas com melhores preços e novos aparelhos.
Como já tem os telefones Tim há três anos e as pessoas mais importantes do seu círculo de clientes e amigos sabem os números de cor, R. Viana julga ser melhor continuar onde está. Afinal, em time que está ganhando não se mexe. Liga para o serviço de atendimento corporativo, o famigerado telemarketing, e relata a oferta recebida. Imagina – e chega até mesmo a torcer – que a Tim terá interesse em mantê-lo como cliente. São os primeiros suplícios de telefonemas e mais telefonemas até encontrar uma pessoa aparentemente certa.
As cartas são colocadas na mesa. R. relata a proposta recebida, e ressalta o interesse em continuar sendo usuário dos serviços da Tim. “A operadora tem alguma proposta interessante para contrapor?”, questiona. Como era de esperar, a atendente do telemarketing diz que “vai estar repassando a demanda” e promete um retorno. Não retorna. Ou melhor, por uma aparente coincidência, quando o consumidor desiste e resolve se jogar nos braços da outra, alguém liga. Finalmente, R. recebe uma proposta razoavelmente boa, capaz de assegurar a sua permanência como cliente Tim.
Engano, com tons de novela mexicana. O novo contrato e os telefones prometidos nunca chegam. Aliás, a conta de R. Viana também deixou de chegar. Por acaso, ele descobre que a cobrança mensal havia sido entregue em outro endereço: a antiga residência, de onde mudou há mais de dois anos.
Já irritado diante dos problemas, R. radicaliza e resolve mudar de operadora. Liga para a Tim e solicita o cancelamento da linha. Aí sim, tem a sensação de que abriram todas as portas do inferno. São ligações e mais ligações. Atendentes pedem números e avisam que em 24 horas "vão estar retornando" a ligação. Lógico que ninguém liga. Você liga e é obrigado a dar as mesmas informações uma vez, duas, três, quatro... São três minutos, mais cinco, mais 17. “Anote o protocolo”. “A Tim agradece a sua ligação”.
Com ódio, o consumidor vai ao Procon para ter o direito de ter a linha desligada. E nem o Procon consegue resolver a questão. Aí, com a linha ainda ativa, e mesmo usando os telefones de outra operadora, só resta a opção: ODIAR A TIM
Confira o ranking de reclamações da Anatel
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