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A imprensa vive da farsa e como farsa

As denúncias envolvendo o senador José Sarney, um ícone do que há de pior na política brasileira, respingam -- ou deveriam respingar -- na credibilidade da imprensa. Cabe indagar aos donos dos grandes grupos, assim como para os "principais" nomes da cobertura política, sobre as razões pelas quais não se fez um trabalho de levantamento permanente da vida do ex-presidente maranhense, assim como de políticos da mesma laia. Porque se encerrou o processo de acompanhamento da vida de Renan Calheiros e de tantos outros especímes que sobrevivem no Planalto Central às custas de ações questionáveis. Jamais houve a preocupação em entender a fundo a personalidade do velho coronel, que atravessou a vida sempre na condição de servo dos poderosos, um prestador de serviços para quem vive da mesma proximidade e promiscuidade com os donos do destino do País.

Coronéis e donos de jornais são extremamente parecidos. Vivem do subterrâneo, dos acordos "secretos", dos interesses de grupos, quase sempre escusos e capazes de gerar apenas benefícios pessoais ou de setores específicos. Uma das razões para a falta de credibilidade da imprensa e para a crise atravessada pelo jornalismo é, no final das contas, a semelhança com a estrutura política, o alinhamento com o pensamento comum de quem sempre viveu acima da lei. Muitos jornalistas sobem na vida exclusivamente quando exercem o jogo. Colunista que bate no peito dizendo que "conseguiu" uma entrevista exclusiva, quando, na verdade, foi usada por alguém interessado em plantar uma notícia.

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