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Documento de visão perdeu a vista

Uma das curiosidades mais interessantes no reino da tecnologia da informação é a segurança dos representantes da área. Mesmo quando a casa está caindo e todos os problemas saltam aos olhos, eles demonstram firmeza de personalidade para apontar erros, que logicamente são dos outros. Se há uma categoria que não sente necessidade de terapias por ter autoestima nas nuvens é a dos profissionais de informática.

Agora por exemplo, o portal que seria inaugurado nos próximos dias, está totalmente fora do ar - aliás, por isso mesmo, o lançamento foi adiado. Quando questionado sobre as perspectivas de retorno das atividades, o "gerente de TI" assegura com a racionalidade dos seres superiores que está sendo criado um novo ambiente de produção e, até as quatro da tarde, o portal estaria disponível na rede.

Humildemente, considerávamos certa a possibilidade de explosão de mais um prazo. Acertamos, claro. E a estimativa do "gerente de TI" não se confirmou, assim como as dezenas de outras previsões de prazos para as inúmeras tarefas envolvidas no projeto. Por falar em projeto, a expressão "documento de visão" se destacou na rotina do desenvolvimento do novo portal, mesmo não sendo um dos tantos anglicismos adotados pelo jeito tecnológico de ser.

Documento de visão é - ou deveria ser, por assim dizer - uma descrição sobre o processo de criação de um software. Define procedimentos para que o programador desenvolva um sistema adequado às demandas do usuário. Mais ou menos assim: o usuário liga o computador, entra na internet; uma senha é solicitada; usuário preenche campos de login e de senha; caso os comandos estejam corretos, usuários entra no sistema de cadastro de informações...E por aí vai o documento de visão.

Na prática é um fluxograma - mas o pessoal preferiria workflow. No caso do projeto em que estive envolvido, os sinos não anunciaram o oráculo corretamente para os programadores. Os documentos de visão dos inúmeros sistemas ficaram todos cegos. A receita do fracasso tem o ingrediente da falta de experiência dos programadores, que simulavam a todo instante uma presunção imensa.

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